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Quase 4 milhões de autônomos no Brasil usam apps como principal fonte de renda

Muitos brasileiros procuram por uma maneira de ganhar o sustento diário e, nesse sentido, os aplicativos para smartphone estão sendo uma tábua de salvação para a população nacional.

Entregador de aplicativo

A situação econômica no Brasil ainda é de crise. A porcentagem de desempregados no país em setembro de 2019 foi de 11,8%, atingindo 12,5 milhões de pessoas. Só em São Paulo, por exemplo, 30% dos jovens se encontram em busca de um emprego.

Por causa dessa situação, muitos brasileiros procuram por uma maneira de ganhar o sustento diário e, nesse sentido, os aplicativos para smartphone estão sendo uma tábua de salvação para a população nacional.

De acordo com um levantamento recente feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (o IBGE), cerca de 4 milhões de brasileiros usam os aplicativos de smartphone como principal fonte de renda. O número equivale a quase 1 em cada 4 trabalhadores autônomos do país.

A principal razão citada pelos autônomos para trabalhar com aplicativos de smartphone é a facilidade em começar a trabalhar com eles e ganhar o dinheiro necessário para passar o mês, além da flexibilidade de horário.

Uma das opções mais comuns de trabalho para as pessoas são os aplicativos de entregas. O iFood, por exemplo, tinha 120 mil entregadores ativos em 2018, com o número crescendo em 2019. O serviço tem o cadastro de milhares de restaurantes do Brasil, que vendem seus pratos online e os entregadores levam até os usuários.

Um dos seus principais concorrentes é o Rappi, que resolveu expandir para outras áreas além da entrega de comida. Atualmente, é possível pedir tudo pelo aplicativo desenvolvido por uma startup colombiana, desde comida até compras do mês em supermercados, passando também por remédios, flores e brinquedos.

Além dos deliveries, outro segmento de aplicativos que é muito popular é o de transporte. Só o Uber, por exemplo, conta com 600 mil motoristas cadastrados no Brasil inteiro, enfrentando de perto a concorrência de opções como a 99, o Lyft e o Lady Driver.

A situação, no entanto, não fica restrita a aplicativos “generalistas”. Opções de nicho também estão ganhando o mercado nacional e oferecendo oportunidades de trabalho para quem está desempregado. É o caso da DogHero e do PetAnjo, serviços em que os colaboradores se oferecem para cuidar de bichos de estimação dos clientes, como gatos ou cachorros, durante um fim de semana de férias ou algo do tipo.

Alguns aplicativos facilitam a vida de quem quer empreender ao dar uma vitrine para esses criativos. Um exemplo clássico é o Elo7, um marketplace de artesãos que cresceu muito nos últimos anos.

Na prática, o Elo7 exibe os produtos artesanais criados pelos usuários cadastrados para que qualquer um possa fazer compras. Com isso, muita gente encontrou um caminho para explorar a criatividade e ganhar o mês.

Existem também os aplicativos que permitem que os usuários monetizem objetos ou serviços. O caso mais famoso é o do AirBnB. Nele, é possível alugar um quarto ou a sua casa inteira para turistas que estejam passando pela sua cidade.

O Spinlister é outro exemplo. Nele, os usuários alugam equipamentos de surf e bicicletas para as pessoas que precisam desses objetivos. 

Outras plataformas, como o Triider e o GetNinjas permite que prestadores de serviços de todas as áreas, desde webdesigners e marqueteiros até técnicos em informática, programadores, montadores de móveis, pintores, encanadores e muitos outros, possam arranjar trabalho.

A situação tende a se intensificar nos próximos anos. Um estudo do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) mostrou que a indústria 4.0 deverá criar, pelo menos, 30 novas profissões em 8 áreas diferentes somente nos próximos anos. Isso significa que, pelo menos, 375 milhões de pessoas precisarão mudar de carreiras nos próximos anos por causa disso. Os dados são globais, claro.

De acordo com o site Will Robots Take My Job?, as profissões com maior risco de desaparecer no futuro por causa da automação são os profissionais de telemarketing, agentes de transporte de cargas pesadas, reparadores de relógios e digitadores.

A migração de trabalhadores para setores informais traz consequências significativas para a sociedade como um todo. Uma delas é a precarização do plano de carreira desses profissionais, especialmente aqueles que não fazem dinheiro o suficiente para guardar e investir em uma aposentadoria.

Isso é importante pois nem todas as profissões derivadas de aplicativos podem ser encaixar no programa MEI (Microempreendedor Individual), que garante aposentadoria para o autônomo.

Além disso, o sistema de previdência no Brasil conta com a lógica de repartição. Isso significa que os trabalhadores ativos ajudam a custear a aposentadoria daqueles já reformados, em um regime de solidariedade.

No entanto, quando os trabalhadores migram para o setor informal, perde-se duas contribuições: a primeira delas é a dos próprios trabalhadores. Já a segunda é a contribuição patronal que todo empresário deve fazer pelos seus funcionários.

Assim, a perspectiva é que o déficit da Previdência seja ainda maior com a crescente migração de trabalhadores do setor formal para o trabalho informal em aplicativos.

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